Por Paulo Pazz
O cheiro forte da estrada
Feita de pedra e de poeira
Me pega pela saudade
Dos meus tempos de boiadeiro
Quando corria o mundo inteiro
No lombo suado de um cavalo.
Tempo bom que o tempo ruiu
Nas invernadas dos anos
E hoje a saudade é um rio
Que faz novelo na garganta
E daí me vem esse pranto
Que me sufoca e que me cala.
Cada vez mais me afundo
Carcomido pela idade.
Fazendo peso no mundo,
Prisioneiro nessa cidade,
Onde não existe boiada
Nem sedenho no prego da sala.
Sou um velho esquecido
Por esse mundo de meu Deus
Que o progresso matou em vida.
Mas minha alma tem guarida
E meu peito acoita o adeus
Que há de acordar de estalo.
Autoria
Paulo Pazz é licenciado em Letras pela UFG-CAC, Professor pelo Estado de Goiás e Membro da ACL - Academia Catalana de Letras. Também é revisor e colunista da Revista Portalvip (com circulação em toda região sudeste de Goiás), integrante da Comissão julgadora das Olimpíadas da Língua Portuguesa desde 2014, ator integrante da Cia Express’arte e instrutor de “Contação de Causos" pelo Centro Cultural Labibe Faiad (Catalão/GO). Participou da mesa redonda O fazer Poético e do Sarau de Poesias (ambos do I FLICAT UFG) e do Festival Literário do Cerrado – FLICA (Ipameri-GO), edições I, III e IV. Mantém a Página literária do blog Recanto das Letras, do site da UOL, desde Outubro de 2008. Recebeu oito premiações em concursos literários mantidos pela UFG (a primeira em 1993), cinco premiações pelo SESI-Arte e Criatividade (nas categorias Conto e Poesia) e o Prêmio “Trabalhador da Indústria” pelo SESI. Participou de duas antologias poéticas publicadas pelo SESI – Serviço Social da Indústria e publicou os livros "Palavra Lavrada", "Transfiguração" e "Manual do Desesquecimento".
Fanpage: https://www.facebook.com/paulopazz
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