Por Paulo Pazz
Se a dor me oprime, o meu riso corre frouxo pelas arestas de minha pele já um tanto quanto alquebrada. Os reflexos da alma não têm obrigação de estarem estampados na cara como a avisar "Ó, meu humor hoje está com a gota!".
Por isso preciso revestir-me da couraça do riso, destilado entre dentes e língua, para fazer efeito na alma chorosa; alma daninha maculando meus jardins de cantorias.
É meio tão paradoxal quanto um CLOWN chorando em pleno picadeiro para a plateia que vibra e se contorce de riso. Se esta é minha sina, que eu seja este CLOWN que nunca interpreta por já o ser. O CLOWN o é sem necessidade ou obrigação de treinar. Ser CLOWN é coisa de berço, ou de picadeiro, como se o riso se tornasse o seu melhor manjar e o picadeiro, o quintal de sua casa, por mais que a alma se anorexize ou bulimize-se e o coração não seja terra fértil para se constituir o verdadeiro éden.
Ser CLOWN é bem mais do que ser circo. Ser CLOWN é ser a alma do circo (ninguém quer conhecer a alma de um CLOWN, assim como ninguém quer conhecer os bastidores de uma arena). Um circo sem CLOWN é tão aberrante quanto cortar tomates com faca cega.
Assim, mesmo com o espírito em inverno, continuarei recebendo a ribalta diretamente em minha retina, no picadeiro vazio de figurinos ou figurantes, porque o CLOWN deve ser sempre só, em essência e verdade.
TODO CLOWN É TRISTE!!!
Autoria
Paulo Pazz é licenciado em Letras pela UFG-CAC, Professor pelo Estado de Goiás e Membro da ACL - Academia Catalana de Letras. Também é revisor e colunista da Revista Portalvip (com circulação em toda região sudeste de Goiás), integrante da Comissão julgadora das Olimpíadas da Língua Portuguesa desde 2014, ator integrante da Cia Express’arte e instrutor de “Contação de Causos" pelo Centro Cultural Labibe Faiad (Catalão/GO). Participou da mesa redonda O fazer Poético e do Sarau de Poesias (ambos do I FLICAT UFG) e do Festival Literário do Cerrado – FLICA (Ipameri-GO), edições I, III e IV. Mantém a Página literária do blog Recanto das Letras, do site da UOL, desde Outubro de 2008. Recebeu oito premiações em concursos literários mantidos pela UFG (a primeira em 1993), cinco premiações pelo SESI-Arte e Criatividade (nas categorias Conto e Poesia) e o Prêmio “Trabalhador da Indústria” pelo SESI. Participou de duas antologias poéticas publicadas pelo SESI – Serviço Social da Indústria e publicou os livros "Palavra Lavrada", "Transfiguração" e "Manual do Desesquecimento".
Fanpage: https://www.facebook.com/paulopazz
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