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As opiniões aqui emitidas não refletem o pensamento da Editora.

Diagnóstico: Estripulimaníaca

Por Fabiana Esteves




Um dia, há muitos anos atrás, eu havia fechado um diagnóstico para a Ísis: estripulimaníaca.


Eu sempre sonhei em ser expansiva, ela é. Eu sempre sonhei em puxar papo numa fila, sem vergonha nenhuma, ela faz isso com simpatia. Eu sempre sonhei em ser o centro das atenções, ela é. Eu sempre sonhei em ser muito carinhosa, ela é. Eu sempre sonhei em arrancar sorrisos por onde passasse, ela o faz. Sair sem ela é como se cobrir com a capa da invisibilidade, é como vestir o véu do anonimato. Uma coisa temos em comum: a paixão, a obsessão por nossas artes. Eu pela escrita, ela pelas artes visuais.


Mas agora, tudo mudou. Toda sorte de pessoas normais me convenceram de que tudo que eu percebi como DOM, eram apenas características de um distúrbio, um jeito bem específico de não ser normal. Como eu nunca quis ser normal e sim especial, ela conseguiu realizar todas as minhas aspirações de criança. Laís foi muito enfática: "Ela não é especial, mãe, ser especial é ser doente!" Eu disse: "Não, filha, todos nós somos especiais!"


Meus amigos especiais continuam enxergando os dons, mas eles não são muitos. E não costumam se multiplicar com ligeireza... Mas até quando? Daqui a pouco eles também mudarão de ideia. Quando todas as pessoas da sua idade tiverem crescido, fincado os pés em terra firme e ela ainda permanecer flanando, na Terra do Nunca. Eu como nunca fui dessas, como nunca fui chegada às racionalidades da vida, estarei com ela, voando atrás de mais pó mágico que faça prolongar cada vez mais os nossos voos…


(Texto escrito quando recebi o diagnóstico do autismo da minha filha Ísis, em 2016)



Nas fotos acima, Ísis, filha de Fabiana Esteves.




 

Autoria



Fabiana Esteves é Pedagoga formada pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNiRIO) e Especialista em Administração Escolar. Trabalhou como professora alfabetizadora na Prefeitura do Rio de Janeiro e no Estado do Rio com Educação de Jovens e Adultos. Trabalhou como assessora pedagógica e formadora nos cursos FAP (Formação em alfabetização Plena) e ALFALETRAR, ambos promovidos pela Secretaria de Educação do mesmo município. Também foi Orientadora de Estudos do Pacto pela Alfabetização na Idade Certa, programa de formação em parceria do município com o MEC. Em 2015 coordenou a Divisão de Leitura da SME de Duque de Caxias (RJ). Atualmente, é Orientadora Pedagógica da Prefeitura de Duque de Caxias, onde tem se dedicado à formação docente. Escritora e poeta, participou de concursos de poesia promovidos pelo SESC (1º lugar em 1995 e 3º lugar em 1999) e teve seus textos publicados em diversas antologias pela Editora Litteris. Escreve para os blogs “Mami em dose dupla” e “Proseteando”. Publicou os livros “In-verso”, "Pó de Saudade", "Maiúscula", "A Encantadora de Barcos" e "Coisas de Sentir, de Comer e de Vestir". É mãe das gêmeas Laís e Ísis.





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