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Certas mulheres

Por Paulo Pazz



Minha mãe foi parideira, como quase todas as mulheres da época eram. Beirando os 33 anos, já parira 8 vezes, sendo um natimorto. Dos 7 filhos vingados, 3 homens e 4 mulheres, todos ainda vivos com a graça de Deus.


Minha mãe, em torno de 1,50 de altura e pouco mais de 45 quilos, é cerne puro, ainda tinindo nas lides do diário da vida. Minha mãe sempre esparge aquela vitalidade própria de certas mulheres, desde o despontar, até o declinar do sol... Ainda por um bom par de horas sob o luar.


Minha mãe, ao contrário de tantas mulheres da época, aprendera lidar com o parto e também com a partilha do seu tempo, além de entre as 7 crias e mais o seu homem de vida inteira, com os filhos adotados nos bancos da escola.


Minha mãe nunca teve bom senso de si e para si. Como não bastasse a ninhada própria, ainda cuidava de outras muitas ninhadas... Se fez aprendiz muito nova para se tornar a professora de sempre e de tantos.


Aos 14 anos já empunhava e esgrimia o giz com maestria irreprimível, muitas vezes para alunos bem mais velhos e tão precoces quanto ela.


Minha mãe, minha professora e mestre de tantos outros. Minha mãe concebeu pelas letras que o melhor ensinamento é aquele que provém de si e se derrama como cascata sobre a rudeza de todos.


Minha mãe! Minha mãe! Minha mãe!


Ela é a minha mãe e foi a mãe de milhares de mãos que deixaram de tremer diante dos terrores da vida!


Minha mãe é lindo "ser impoluto de caráter sem jaça"!



Na foto acima, Paulo Paz e sua mãe, Dona Orlanda.



 

Autoria


Paulo Pazz

Paulo Pazz é licenciado em Letras pela UFG-CAC, Professor pelo Estado de Goiás e Membro da ACL - Academia Catalana de Letras. Também é revisor e colunista da Revista Portalvip (com circulação em toda região sudeste de Goiás), integrante da Comissão julgadora das Olimpíadas da Língua Portuguesa desde 2014, ator integrante da Cia Express’arte e instrutor de “Contação de Causos" pelo Centro Cultural Labibe Faiad (Catalão/GO). Participou da mesa redonda O fazer Poético e do Sarau de Poesias (ambos do I FLICAT UFG) e do Festival Literário do Cerrado – FLICA (Ipameri-GO), edições I, III e IV. Mantém a Página literária do blog Recanto das Letras, do site da UOL, desde Outubro de 2008. Recebeu oito premiações em concursos literários mantidos pela UFG (a primeira em 1993), cinco premiações pelo SESI-Arte e Criatividade (nas categorias Conto e Poesia) e o Prêmio “Trabalhador da Indústria” pelo SESI. Participou de duas antologias poéticas publicadas pelo SESI – Serviço Social da Indústria e publicou os livros "Palavra Lavrada", "Transfiguração" e "Manual do Desesquecimento".



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