Por Paulo Pazz
Ao meu PAI, que se foi, e à minha MÃE que, desde então, se desdobra na arte de me dar colo e calor...
Meus pais foram os primeiros e melhores professores que tive, pois me ensinaram essências e valores, antes mesmo que eu me deparasse com a langue e parole de Saussure.
Meus pais, desde cedo, ensinaram-me a andar sozinho, ser livre, independente, sem amarras, sem correntes.
Meus pais, desde sempre, ensinaram-me como valorizar o que não tinha, para eu saber o preço do que tenho.
Ensinaram-me sobre a doçura de uma fruta do quintal, não sem evidenciar que há coisas amargas, como o jiló, ou coisas de sabor estranho, como o quiabo ou a abóbora.
Meus pais souberam preparar-me, via senso-comum, para as distorções do mundo de fora.
Nunca omitiram a existência do lado mau de todas as coisas e pessoas que a vida apresenta.
Nunca me blindaram da dor de um desencontro, de uma saudade, de uma perda, de uma limitação. Tudo isso é parte do processo de lapidação da alma, diziam!
Meus pais ensinaram-me sobre as boas relações, ainda que por algum infortúnio elas não prevaleçam (Aí, valeu o ensinamento de que somente DEUS é eterno).
Meus pais ensinaram-me que amar o outro é uma obrigação que não nos pesa e que se torna prazer com o passar do tempo.
Meus pais ensinaram-me que a velhice é coisa somente de pele, pois a alma se alisa e rejuvenesce na medida em que os anos se passam.
Meus pais ensinaram-me que preservar a memória das pessoas que se foram é uma forma de mantê-las vivas dentro de nós. É apego sem sintomas de posse... Apenas um proceder do amor que atua invisível, porém não menos intenso.
Meus pais ensinaram-me a nunca desprezar sorrisos ou negar abraço, pois ambos são demonstrações silenciosas de afeto que carecemos bem mais do que possamos admitir.
Meus pais ensinaram-me que o outro é minha extensão, meu complemento ideal e necessário para a preservação e continuidade do humano.
Sr. Consolines e Sra. Orlanda, pais de Paulo Pazz.
Meus pais foram (e são) minha graduação!
Meus pais me fizeram doutor na arte de saber viver... e morrer!
Meus pais são minha enciclopédia!
Autoria
Paulo Pazz é licenciado em Letras pela UFG-CAC, Professor pelo Estado de Goiás e Membro da ACL - Academia Catalana de Letras. Também é revisor e colunista da Revista Portalvip (com circulação em toda região sudeste de Goiás), integrante da Comissão julgadora das Olimpíadas da Língua Portuguesa desde 2014, ator integrante da Cia Express’arte e instrutor de “Contação de Causos" pelo Centro Cultural Labibe Faiad (Catalão/GO). Participou da mesa redonda O fazer Poético e do Sarau de Poesias (ambos do I FLICAT UFG) e do Festival Literário do Cerrado – FLICA (Ipameri-GO), edições I, III e IV. Mantém a Página literária do blog Recanto das Letras, do site da UOL, desde Outubro de 2008. Recebeu oito premiações em concursos literários mantidos pela UFG (a primeira em 1993), cinco premiações pelo SESI-Arte e Criatividade (nas categorias Conto e Poesia) e o Prêmio “Trabalhador da Indústria” pelo SESI. Participou de duas antologias poéticas publicadas pelo SESI – Serviço Social da Indústria e publicou os livros "Palavra Lavrada", "Transfiguração" e "Manual do Desesquecimento".
Fanpage: https://www.facebook.com/paulopazz
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