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Uma monstrenga de sete cabeças

Por Fabiana Esteves


Jovem debruçada sobre a mesa com cara de assustada

Laís passou de ano. Uma quase unanimidade as notas altas. Mas quase. No meio das matérias haveria de aparecer ELA: a monstrenga de sete cabeças. A Matemática. Não, minto. A Matemática nua, coitada, é inofensiva, além de necessária. Mas revestida de um alfabeto indecifrável, ela toma um rumo assustador e toma por sobrenome a famigerada Álgebra, que teima em roubar a alegria nossa de cada dia. Quem não assistiu o vídeo do comediante perguntando quem seria a criatura maléfica que colocou letra na Matemática? Pois é. É o terror de muitas famílias. O único professor concorrido nas reuniões de responsáveis. A fila é enorme. Todos querem discutir com ele as dificuldades dos filhos. Laís vem com uma nota altíssima em Desenho Geométrico. Eu penso cá comigo: "Ué, mas também não faz parte da Matemática?" É a matéria preferida da Ísis e a conexão com a arte pode ser a explicação que falta para a aproximação amorosa com os polígonos e as retas. Eu também simpatizava um pouco com a Geometria, embora sempre fosse um completo desastre em Matemática. Desde o início da minha vida escolar. No que envolvia palavras, como os desafios de lógica, eu me virava bem. Mas os cálculos e as fórmulas eram uma pedra no meu sapato. A faculdade na área de Humanas seria minha libertação! Nunca mais fórmulas, nunca mais cálculos, uma maravilha, não? Ledo engano. Logo no início do curso apareceu a Estatística, disciplina que me tirava o chão. Fórmulas, cálculos e muitas tabelas… A conclusão é que eu não podia faltar nenhuma aula. Se faltasse, não entendia mais nada. Ou seja, é de família nossa inabilidade em aceitar que as letras não cabem somente nas palavras, nas narrativas literárias, na poesia nossa de cada dia. É de família nossa inabilidade em aceitar que precisamos aprender também aquilo que não nos cativa. Esperemos a libertação, se ela vier. Porque a mim ela ainda persegue, coberta com a capa medonha dos extratos e boletos que me atormentam todo santo mês…



Laís e Ísis filhas de Fabiana Esteves

Laís e Ísis, filhas de Fabiana Esteves.





 

Autoria



Autora Fabiana Esteves

Fabiana Esteves é Pedagoga formada pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNiRIO) e Especialista em Administração Escolar. Trabalhou como professora alfabetizadora na Prefeitura do Rio de Janeiro e no Estado do Rio com Educação de Jovens e Adultos. Trabalhou como assessora pedagógica e formadora nos cursos FAP (Formação em alfabetização Plena) e ALFALETRAR, ambos promovidos pela Secretaria de Educação do mesmo município. Também foi Orientadora de Estudos do Pacto pela Alfabetização na Idade Certa, programa de formação em parceria do município com o MEC. Em 2015 coordenou a Divisão de Leitura da SME de Duque de Caxias (RJ). Atualmente, é Orientadora Pedagógica da Prefeitura de Duque de Caxias, onde tem se dedicado à formação docente. Escritora e poeta, participou de concursos de poesia promovidos pelo SESC (1º lugar em 1995 e 3º lugar em 1999) e teve seus textos publicados em diversas antologias pela Editora Litteris. Escreve para os blogs “Mami em dose dupla” e “Proseteando”. Publicou os livros “In-verso”, "Pó de Saudade", "Maiúscula", "A Encantadora de Barcos" e "Coisas de Sentir, de Comer e de Vestir". É mãe das gêmeas Laís e Ísis.


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