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Quando será que elas voltam?

Por Fabiana Esteves



Li uma reportagem certa vez que o período em que os filhos ficam mais próximos dos pais seria dos 7 aos 11 anos. Seria como uma lua de mel, um espaço de tempo perfeito, em que os filhos nos vêem como um modelo, um super herói, um espelho. Eu duvidei, mas decidi aproveitar ao máximo o tempo em que me encontrava, o tempo-delícia com minhas meninas.


Infelizmente, a temida hora chegou. Agora não sou mais a rainha da casa… Só se for a rainha de copas, que veio ao mundo para cortar cabeças! Sou a chata! A quantidade de ordens que dou em um período de 24 horas é absurda, e proporcionalmente, escuto as réplicas: "Que inferno!" "Me deixa" "Não quero ver isso!" "Eu já vou!" "Você não para de repetir a mesma coisa!" Virei um papagaio que ninguém mais acha bonitinho.


Ao mesmo tempo que quero me aproximar, também preciso ser aquela que dirige, aquela que cobra. Quero ser uma influenciadora digital para minhas crias, mas será que elas realmente desejam me seguir? Desejam curtir e compartilhar meu conteúdo? Não sei.


Ísis teve sua rotina estraçalhada pela quarentena. Deseja apenas permanecer imersa no seu próprio mundo. Até as tarefas mais corriqueiras como a higiene e a alimentação estão complicadas para ela, o hiperfoco cresceu tanto que ocupou todos os espaços da vida confinada. Perguntei em alguns grupos de autistas e a maioria está do mesmo jeito. 


Laís está na fase questionadora, e o que já era da personalidade dela, tomou também mais espaço na vida. Muita coisa que ela fazia só para me agradar, agora não não vale o esforço.


Em contrapartida, a quarentena nos deu tempo de conversar, mas estou escutando muito "Mãe, como você é preconceituosa!". Quem me conhece sabe que não sou, explico meu ponto de vista, mas ela tem uma resistência a qualquer coisa que soe como conservadora, principalmente a igreja.


A internet é um amigo difícil de competir, e nem minha coluna ela se dá ao trabalho de ler. Não sou mais sua heroína. Mas navegando nos mares do Facebook, vejo que a escritora, amiga e companheira de Coletivo Cláudia Lima, cujos filhos estão um pouco à frente, publicou um texto no qual ela faz um apelo a eles, com uma pergunta crucial: 

"Promete que volta? 

Mesmo enquanto adolesce.

Até quando minha companhia não for das melhores. (...)

Se a ida te seduzir, volta. Promete? (...)

Promete que volta …"

Eu me identifiquei de imediato. Fiquei impactada! A literatura cumpriu a sua função, não estou sozinha! Não sou a única que sofre desta solidão materna… e agradeci à Cláudia por ser o meu canal de alento. Aguardarei ansiosamente este retorno. Quando será que elas voltam?



Nas fotos acima, a partir do topo, Fabiana Esteves e suas filhas e Cláudia Lima e seus filhos.



 

Autoria


Fabiana Esteves é Pedagoga formada pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNiRIO) e Especialista em Administração Escolar. Trabalhou como professora alfabetizadora na Prefeitura do Rio de Janeiro e no Estado do Rio com Educação de Jovens e Adultos. Trabalhou como assessora pedagógica e formadora nos cursos FAP (Formação em alfabetização Plena) e ALFALETRAR, ambos promovidos pela Secretaria de Educação do mesmo município. Também foi Orientadora de Estudos do Pacto pela Alfabetização na Idade Certa, programa de formação em parceria do município com o MEC. Em 2015 coordenou a Divisão de Leitura da SME de Duque de Caxias (RJ). Atualmente, é Orientadora Pedagógica da Prefeitura de Duque de Caxias, onde tem se dedicado à formação docente. Escritora e poeta, participou de concursos de poesia promovidos pelo SESC (1º lugar em 1995 e 3º lugar em 1999) e teve seus textos publicados em diversas antologias pela Editora Litteris. Escreve para os blogs “Mami em dose dupla” e “Proseteando”. Publicou os livros “In-verso”, "Pó de Saudade", "Maiúscula" e "A Encantadora de Barcos". É mãe das gêmeas Laís e Ísis.

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