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Persépolis - Contravenções e Contradições

Por Gilson Salomão Pessôa



Marjane Satrapi é o nome artístico de Marjane Ebihamis, uma romancista gráfica, ilustradora e escritora infanto-juvenil franco-iraniana. Atualmente também trabalha como roteirista e cineasta, mas ficou internacionalmente conhecida pela sua autobiografia em quadrinhos intitulada Persépolis. O livro foi adaptado para o cinema em 2008 como uma animação dirigida pela própria autora da mesma.


Na seguinte obra ela retrata sua infância em 1979, onde sofreu com as transformações políticas de seu país nesse período, a revolução que transforma o país monárquico e moderno em uma república islâmica extremamente conservadora. Se para um adulto esse tipo de mudança já é difícil de assimilar, imagine para uma criança, que de um dia para o outro é separada dos amigos (pois eles são do sexo oposto), obrigada a usar véu, proibida de participar de festas e outras coisas mais.


O livro traz em suas páginas iniciais uma breve introdução histórica sobre a política e a religião do Irã, áreas que estão intimamente ligadas e que definem todo e qualquer tipo de comportamento no país em questão.


Na fase infantil da autora, a pequena fã do astro Bruce Lee, temos as dificuldades de lidar com as mudanças, a falta de entendimento do que estava acontecendo, os horrores do conflito vistos pelos olhos inocentes da garota, que sonhava em ser profeta para resolver todos os problemas do mundo, disputava com os amiguinhos quem tinha mais parentes presos/desaparecidos e inventava histórias de heróis. Nesse período ela se relaciona bastante com o tio comunista Anouche, que sempre lhe dizia para nunca deixar de ser sincera consigo mesma.


Já na adolescência, quando se refugia em Viena na Áustria, Marje deixa para trás a repressão da ditadura recém-instalada e os perigos do novo governo, mas enfrenta um tipo de opressão diferente: o de se ver sozinha em um país estrangeiro, sem amigos e sem família. Ela tem as suas primeiras desilusões amorosas e enfrenta a solidão como nunca antes em sua vida, sendo forçada a se adaptar com outro idioma e costumes completamente diferentes ao que estava habituada.


Inteligente e com uma língua afiada, ela diz o que pensa e não mede palavras, o que não significa que ela sempre está certa. Dona de um pensamento original que desafia o machismo tão comum no Irã, ela muitas vezes age sem pensar, movida pela paixão e termina enfrentando consequências inesperadas.


Uma belíssima graphic novel sobre uma mulher forte e independente, em parte graças aos seus familiares que sempre a encorajaram nesse sentido, buscando se encontrar no mundo enquanto define a sua identidade numa conjuntura repressora e politicamente instável. Leitura mais que recomendada.




 

Autoria



Gilson Salomão Pessôa é jornalista formado em Comunicação Social pela Universidade Federal de Juiz de Fora, com Pós Graduação em Globalização, Mídia e Cidadania pela mesma faculdade. Publicou os livros "Histórias de Titãs Quebradiços" e "Um Suspiro Resgatado".



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