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Pelo direito de chorar

Por Fabiana Esteves



Outro dia alguém publicou nas redes sociais uma lista de coisas maravilhosas e uma delas era: “Não lembrar a última vez que chorou”. Achei péssimo. Como alguém pretende viver com um mínimo de humanidade se não lembra a última vez que chorou? Eu lembro. Foi ontem. E não me acho a última das criaturas por isso, muito pelo contrário. Chorar faz parte da vida. Se choro é porque sou transparente, sincera e corajosa, não sou hipócrita de ficar o tempo dizendo que estou transbordando de felicidade quando não estou. Choro na frente das minhas filhas, sempre, sem medo de demonstrar fraqueza. Se fui fraca, e daí? Quem nunca foi fraco?


Todo mundo posta que está sempre feliz nas redes sociais, que é forte, otimista cem por cento, tudo bem. Mas eu não acredito neles. Quem nunca escutou esta pérola? ”Todo mundo tem problemas, precisa ver minha colega, consegue falar disso sempre rindo.” É muito mais humano mostrar que você chora, que sabe aceitar o luto para que possa depois viver a alegria, só que uma alegria inteira, de verdade.


Que sociedade é essa que só valoriza o sorriso? A criança cai, se machuca, o corte sangra, e o que dizemos? "Levanta, não chora, já passou!" Nossos filhos não têm nem o direito de sofrer... Aqui em casa o choro é livre.


Eu agradeço a Deus todas as vezes que chorei, pois me sinto mais GENTE… Será que existe alguém que não consegue chorar? A lágrima é da natureza humana. Mas as pessoas não querem mais perder tempo consolando amigos, então condenam toda a espécie de sofrimento. Falta paciência em escutar, tempo para telefonar (não é mais fácil postar um comentário?), disposição para ajudar e coragem de admitir que também sofre. Se no momento mais importante eu não apoiei, é porque não sou amigo. Recadinho pela internet nunca vai substituir aquele amigo que liga, que ajuda, que se preocupa, que não acha bobeira o que você está passando. E daí que os outros têm problemas maiores? Levantemos esta bandeira: queremos ter o direito de chorar!



Na primeira foto, um momento em que Laís é carregada no colo pela sua mãe, Fabiana Esteves, após cair de bicicleta. Na segunda foto, Laís no hospital.




 

Autoria



Fabiana Esteves é Pedagoga formada pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNiRIO) e Especialista em Administração Escolar. Trabalhou como professora alfabetizadora na Prefeitura do Rio de Janeiro e no Estado do Rio com Educação de Jovens e Adultos. Trabalhou como assessora pedagógica e formadora nos cursos FAP (Formação em alfabetização Plena) e ALFALETRAR, ambos promovidos pela Secretaria de Educação do mesmo município. Também foi Orientadora de Estudos do Pacto pela Alfabetização na Idade Certa, programa de formação em parceria do município com o MEC. Em 2015 coordenou a Divisão de Leitura da SME de Duque de Caxias (RJ). Atualmente, é Orientadora Pedagógica da Prefeitura de Duque de Caxias, onde tem se dedicado à formação docente. Escritora e poeta, participou de concursos de poesia promovidos pelo SESC (1º lugar em 1995 e 3º lugar em 1999) e teve seus textos publicados em diversas antologias pela Editora Litteris. Escreve para os blogs “Mami em dose dupla” e “Proseteando”. Publicou os livros “In-verso”, "Pó de Saudade", "Maiúscula", "A Encantadora de Barcos" e "Coisas de Sentir, de Comer e de Vestir". É mãe das gêmeas Laís e Ísis.



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