Por Camilo de Lellis Fontanin
Até agora eu já vivi tantas histórias, habitei, psiquicamente, em tantas casas, fiz parte da vida de inúmeras pessoas.
Principalmente depois que a minha luta para conquistar a minha própria identidade tomou a forma de uma grande batalha.
Por muitas vezes, o que me sufoca são as milhares de perguntas que fui acumulando com o tempo. São, também, centenas de observações e outro tanto de opiniões que eu gostaria de ter feito.
Tudo, praticamente, sepultado no meu inconsciente. Que se mistura numa sensação de não ter história pra contar. Mas eu lembro, hoje, de alguns acontecimentos dolorosos, como se fossem físicos, sem nenhuma carga emocional.
Já não dói mais, por exemplo, a lembrança do meu pai ter me dado uma bronca por eu ter brigado na escola e ter levado a pior. Hoje eu entendo que ele teve uma formação em que era proibido apanhar de outro garoto da mesma idade. Não se trata de eu ter perdoado o meu pai, mas, simplesmente, de ter entendido o que aconteceu e concluir que o melhor foi esquecer a "bronca".
No entanto, os mais doces e ternos momentos vividos por mim com a minha família e com amigos que eu tive na minha infância e adolescência estão frescos e tão vívidos em minha memória que dão a impressão de que acabaram de acontecer.
Autoria
Camilo de Lellis Fontaninnasceu em 1962, na cidade de Americana. São mais de 50 anos de amor aos livros de Poesia, Romance, Conto, Crônica e também aos livros de Psicologia, Psicanálise e Física.
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