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O conhecimento liberta (mesmo a distância)

Por Fabiana Esteves




Termino esta semana meu quarto curso a distância da vida. O primeiro foi oferecido pela Secretaria de Educação do município onde trabalho e tinha o ensino remoto como principal conteúdo. No final tive um certificado, sim, mas deve ter sido por pura compaixão da tutora, observando minha completa inabilidade para estudar em casa. Eu nunca me lembrava de entrar no fórum no horário marcado, e perdia todos os prazos. Era uma negação. Posso dizer que não aprendi nada.


O segundo foi uma lindeza, pois era por e-mail, e minha tutora... Agora me dei conta que nunca chamávamos Rosaura de tutora. Era nossa amiga, nossa parceira, nossa professora... Como todo o conteúdo era através de  cartas enviadas por correio eletrônico, a produção não era problema para mim. Amo escrever e ler cartas. E o assunto, uma paixão: a alfabetização (a rima não foi proposital…). Ponto para a Rosaura.


O curso era em duplas, portanto toda a nossa produção precisava ser uma, discutida primeiro entre eu e a minha parceira, Jackie, minha ex-aluna da formação que virou amiga. Amiga de fé, literalmente. Que delícia, eu sempre gostei de trabalhar em grupo. Gosto de dividir, de somar, multiplicar e discutir. Perfeito. Se eu conversasse cinco minutos com alguém, falava do curso, empolgada. Tamanho entusiasmo não me curou, continuei um completo desastre com os prazos. Mas a Jackie estava lá para me ajudar e a Rosaura também estava lá para entender todas as minhas desculpas, inclusive a minha urgência em abraçar o mundo com as mãos. Terminei com louvor tardio, mas encantada.


Comecei outro, também com Rosaura, ainda extasiada com o tanto que cresci como profissional e pessoa. Aprendi inclusive que não dá para separar uma da outra, só existe uma Fabiana Esteves, não me reparto em duas. Uma luta. Mas venci, e aprendi tanto! Atrasada novamente…


O quarto terminei esses dias. Agora com uma tutora, uma plataforma, o renome de uma universidade pública e um assunto entranhado na minha pele de mãe: o transtorno do espectro autista (TEA). Aprendi muito, não posso negar. Nota nove em todas as avaliações. Até que fui bem, não?  Mas me senti uma prisioneira do Moodle. A cada vez que eu saía, que alívio!


Quatro meses e não ouvi a voz da minha professora, não sei o nome dos meus colegas de curso e não enviei textos, imagens e muito menos links de vídeos para meus companheiros… Foi uma solidão. Mais ainda pela falta de uma impressora, pois a minha está adoentada. Ler na tela para mim é um desafio e tanto.


Encarei algumas das dificuldades que muitos estudantes universitários pelo Brasil devem estar passando neste momento atípico da história mundial. Como faz falta se ver! Como faz falta se olhar, dizer em voz falada, em alto e bom som "eu discordo de você" ou "na minha escola não é assim". Faz falta. Ficou um pedaço faltando.


Deu saudade de estudar com a Rosaura, que sabe meu nome não só porque estou na lista de cursistas, mas porque a partir daquele dia, faço parte da vida dela e ela da minha. Até hoje. Somos amigas no Facebook, assim como os colegas que trocaram cartas conosco. Termina o curso, mas não tem fim a interação. Seguimos.


As plataformas de Educação a Distância podem até ser uma invenção fantástica, e me desculpem todos os especialistas na área, mas para mim elas não passam de uma prisão. A nossa sorte é que o conhecimento liberta…



Fotos do encontro presencial com a professora Rosaura, no Rio de Janeiro.





 

Autoria


Fabiana Esteves é Pedagoga formada pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNiRIO) e Especialista em Administração Escolar. Trabalhou como professora alfabetizadora na Prefeitura do Rio de Janeiro e no Estado do Rio com Educação de Jovens e Adultos. Trabalhou como assessora pedagógica e formadora nos cursos FAP (Formação em alfabetização Plena) e ALFALETRAR, ambos promovidos pela Secretaria de Educação do mesmo município. Também foi Orientadora de Estudos do Pacto pela Alfabetização na Idade Certa, programa de formação em parceria do município com o MEC. Em 2015 coordenou a Divisão de Leitura da SME de Duque de Caxias (RJ). Atualmente, é Orientadora Pedagógica da Prefeitura de Duque de Caxias, onde tem se dedicado à formação docente. Escritora e poeta, participou de concursos de poesia promovidos pelo SESC (1º lugar em 1995 e 3º lugar em 1999) e teve seus textos publicados em diversas antologias pela Editora Litteris. Escreve para os blogs “Mami em dose dupla” e “Proseteando”. Publicou os livros “In-verso”, "Pó de Saudade", "Maiúscula" e "A Encantadora de Barcos". É mãe das gêmeas Laís e Ísis.


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