Por Gilson Salomão Pessôa
O Clube da Esquina foi um movimento musical que aconteceu em Belo Horizonte, no início da década de 60, fundindo elementos da Bossa Nova, Jazz, Rock e música folclórica dos negros mineiros com alguns recursos de música erudita e hispânica. Seus maiores representantes foram Milton Nascimento, Lô Borges, Beto Guedes, Toninho Horta, Márcio Borges, Ronaldo Bastos, Fernando Brant e Wagner Tiso, entre outros. Foram pioneiros na integração musical do Brasil com o restante da América Latina, lançando as bases da chamada World Music.
O nome faz referência a uma reunião íntima e descontraída, numa mesa de bar ou perto de um fogão à lenha, seja tomando uma cachacinha com torresmo ou comendo uma broa de fubá acompanhada de uma fumegante caneca de café recém-moído. Um passeio sonoro pelas verdes montanhas e vales tracejados por cachoeiras. Ouvir esses formidáveis compositores é se encontrar com os pés descalços, sentindo o doce perfume da terra molhada pela chuva enquanto saboreia uma fruta colhida do pé.
As memórias registradas nas letras projetam a Maria Fumaça chegando na estação, as crianças soltando pipa com as roupas sujas de barro, as doces senhoras fazendo tricô nas cadeiras de balanço, o beijo roubado perto da cerca do curral.O sol abençoando o começo e o fim do dia, acariciando os vales e o gado que se levanta cedo para pastar.
Lúdica e visceral, a música desse período permanece atualíssima, evocando a ancestralidade mineira, sua história e seu folclore e transmitindo assim toda a essência humanista que transcende tempo e espaço. Um momento na MPB que merece ser sempre revisitado, quando o espírito pede um suspiro perfumado para enfrentar a desgastante rotina.
Autoria
Gilson Salomão Pessôa é jornalista formado em Comunicação Social pela Universidade Federal de Juiz de Fora, com Pós Graduação em Globalização, Mídia e Cidadania pela mesma faculdade. Publicou os livros "Histórias de Titãs Quebradiços" e "Um Suspiro Resgatado".
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