Por Camilo de Lellis Fontanin
Daqui a 3 meses eu completo 58 anos e, fazendo um balanço sobre a minha vida, vieram-me à mente cenas de um passado feliz, de uma infância cheia de brincadeiras e, também, de muita leitura.
Mas, ao contrário do que eu gostaria de recordar, não tive muitos amigos. Entre a idade de 7 e 12 anos, tive, no máximo, quatro amigos, sendo que um deles era um dos meus primos. Depois, na adolescência, os amigos foram reduzidos a dois, onde um continuava sendo meu primo.
Não saía muito... Lembro que havia uma lanchonete na rua acima da minha casa, onde se reunia um grupo de jovens que gostava de bebidas alcoólicas e de muito Rock. Então, comecei a frequentar o lugar quando um dos meus amigos me convidava. Fui poucas vezes ao cinema, nunca fui a um clube ou frequentei os ginásios poliesportivos da minha cidade. Não sei nadar, nunca fui acampar, nunca havia dormido fora de casa até os meus 34 anos. Dessa forma, meus maiores amigos sempre foram, e são até hoje, de uma única espécie: a espécie que contém letras e palavras que formam frases e histórias.
Os livros já dividiram comigo dor de cotovelo, ressaca, luto, crises existenciais, dúvidas filosóficas e teológicas, vontade de sumir desse mundo, medo de fantasmas, falta de dinheiro, crises esquizofrênicas e depressivas, pânico e inúmeros outros infortúnios.
Mas, já dividimos, também, muitas alegrias, muitos momentos de iluminação quase divina, muitas festas depois de me levantar de cada tombo, muitas noites de insônia, muito prazer por ter feito uma nova descoberta, muito alívio depois de virar mais uma página dolorida da minha história, muita saciedade depois de ter dado uma longa caminhada na estrada dos meus sonhos.
Existem livros que não esquecemos nunca, que moram nos lugares mais macios e confortáveis dos nossos corações e das nossas almas. Também tenho a minha lista de livros inesquecíveis. São eles:
1. Olhai os Lírios do Campo, de Érico Veríssimo;
2. Bisa Bia, Bisa Bel, de Ana Maria Machado;
3. Crime e Castigo, de Dostoiévski;
4. Vidas Secas, de Graciliano Ramos;
5. O Grande Inquisidor, de Dostoiévski;
6. Robinson Crusoé, de Daniel Defoe;
7. Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis;
8. Relíquias, de Eça de Queiroz;
9. A Interpretação dos Sonhos, de Sigmund Freud;
10. A Era da Incerteza, de John Kenneth;
11. A Evolução da Física, de Albert Einstein e Leopold Infeld;
12. A Origem das Espécies, de Charles Darwin;
13 O Discípulo da Madrugada, do Padre Fábio de Melo;
14. Café e Prosa, uma coletânea de vários autores;
15. A Bíblia Sagrada, edição da CNBB.
Todos esses livros, além de me divertirem, fizeram-me sonhar, permitiram-me viajar no tempo e no espaço, curar as minhas dores - fossem físicas, mentais ou emocionais - e aguentar os meus lamentos. Estimularam a minha imaginação, ensinaram-me novos conhecimentos que nunca imaginei que existissem.
Quando eu precisava ficar de joelhos, eles me sustentavam. Quando o bom combate estava sendo travado entre eu e o mundo dos prazeres e do consumismo massificado, eles se transformavam no meu escudo e na minha armadura.
ELES, os meus sempre Caros Amigos: os Livros!
Autoria
Camilo de Lellis Fontanin, nasceu em 1962, na cidade de Americana. São mais de 50 anos de amor aos livros de Poesia, Romance, Conto, Crônica e também aos livros de Psicologia, Psicanálise e Física.
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