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Livros para Pegar e Livros para Ouvir

Por Fabiana Esteves


Já escutei muito em papos de mães a seguinte frase: "Ué para que comprar livro para uma criança se ela não sabe ler?" E a dúvida de quando começar o contato com os livros persiste. Qual o momento certo de inserir a criança no mundo literário? Bom, esta pergunta o mestre Ziraldo já respondeu: desde cedo, ainda na barriga da mãe. Afinal, o feto já ouve a nossa voz!Hoje em dia ninguém pensa em retardar o uso do celular, os bebês usam o smartphone com desenvoltura antes mesmo de aprenderem a falar. Por que então deixar o livro para depois?


Outra dúvida também persegue os pais de crianças pequenas: "Qual o livro mais adequado à idade do meu filho?" Quando pensamos em adequar os livros à idade das crianças, temos que pensar em dois tipos: os que a criança vai manusear sozinha e os que ela vai ouvir, que o adulto vai ler para ela. Portanto, para a criança bem pequena, de até 1 ano, os livros de pano, de plástico ou com texturas, sempre com pouco texto (às vezes só palavras) são os mais indicados para a criança manusear, brincar, ter na sua caixa de brinquedos sem medo de estragar. No entanto, esses livros não servem para ouvir. O ouvir merece texto mais longo, onde a voz do adulto se completa com o colo, com o afago…


Quando minhas filhas eram bebês eu lia Fernando Pessoa pra elas. Na maioria das vezes O livro do Desassossego, que é um dos meus livros de cabeceira, daqueles que a gente lê várias vezes. Porque mais importante que o conteúdo é a voz da mãe, a interação entre a palavra e o afeto.


Os livros para ouvir precisam sempre estar um passo à frente dos livros para manusear, precisam instigar a curiosidade, precisam ser instrumento para aumentar o vocabulário, porque se ficarmos restritos às palavras que as crianças já conhecem, elas pouco avançam. Por isso é bom evitar contar histórias pulando as partes que a gente sabe que a criança não alcança e substituindo por termos mais fáceis. Os que já falam com certeza vão perguntar: "O que é isso?" Os que não perguntarem vão tentar entender pelo contexto e esse exercício é maravilhoso. Manter exatamente as palavras do autor é o melhor caminho. Assim como fazer as vozes dos personagens, oferecer um clima de suspense ou alegria, coisas esplendorosas que acontecem no momento mágico da leitura em voz alta.


Certa vez recebemos nas escolas caixas com literatura escolhida especificamente para cada faixa etária. Cada sala de aula receberia um acervo para a biblioteca de classe. Qual não foi a nossa surpresa ao reparar que todos os exemplares destinados ao primeiro ano (6 anos) não tinham texto ou quando tinham, apenas uma ou duas linhas por página! Ninguém se preocupou com os livros para ouvir! E ainda por cima retiraram a bela oportunidade dos alunos maiores de se encantarem com os livros de imagens, muitos deles tratando de assuntos bem complexos.


Bom, resolvemos a questão distribuindo os livros das outras caixas entre todas as turmas, assim ninguém ficou prejudicado. Mas sigo achando que a leitura em voz alta é muito negligenciada pelas famílias. E as frases que mais escuto martelam na minha cabeça: "Ah, ele é muito pequeno, não vai entender!" Ou: "Ele já é grande, já sabe ler sozinho…" E a leitura em voz alta fica lá, no seu cantinho, restrita ao período pré-escolar das crianças. Se você não lê mais para o seu filho, pergunte a ele: com certeza vai lhe revelar que sente falta. Da leitura e principalmente, do colo...



Laís e Ísis, filhas de Fabiana Esteves





 

Autoria



Fabiana Esteves é Pedagoga formada pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNiRIO) e Especialista em Administração Escolar. Trabalhou como professora alfabetizadora na Prefeitura do Rio de Janeiro e no Estado do Rio com Educação de Jovens e Adultos. Trabalhou como assessora pedagógica e formadora nos cursos FAP (Formação em alfabetização Plena) e ALFALETRAR, ambos promovidos pela Secretaria de Educação do mesmo município. Também foi Orientadora de Estudos do Pacto pela Alfabetização na Idade Certa, programa de formação em parceria do município com o MEC. Em 2015 coordenou a Divisão de Leitura da SME de Duque de Caxias (RJ). Atualmente, é Orientadora Pedagógica da Prefeitura de Duque de Caxias, onde tem se dedicado à formação docente. Escritora e poeta, participou de concursos de poesia promovidos pelo SESC (1º lugar em 1995 e 3º lugar em 1999) e teve seus textos publicados em diversas antologias pela Editora Litteris. Escreve para os blogs “Mami em dose dupla” e “Proseteando”. Publicou os livros “In-verso”, "Pó de Saudade", "Maiúscula" e "A Encantadora de Barcos". É mãe das gêmeas Laís e Ísis. Blog: http://fabianaesteves.blogspot.com







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