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Livros didáticos para não deixar a chama da leitura se apagar

Por Fabiana Esteves



Sempre que eu vejo alguma reportagem mostrando uma pilha de livros didáticos no lixo ou pessoas querendo se desfazer de livros de estudo a sensação nunca é das melhores. 


Nas classes menos favorecidas muitas vezes esse é o único livro que compõe o acervo da criança.  É a ponte que liga a biblioteca da escola em período de férias (e agora em período de pandemia) à casa do pequeno ou jovem leitor. 


Tenho acompanhado os leitores das bibliotecas comunitárias fazendo leituras magníficas de seus livros didáticos. Leituras emocionadas que me encantam.


Durante este isolamento forçado, onde o acervo das bibliotecas escolares, comunitárias  e públicas não está disponível para essas crianças, o livro didático é a tábua de salvação, é a vela que não deixa a chama da leitura se apagar. E apoio aos pais que se vêem desamparados na doce missão de ajudar os filhos nessa nada fácil empreitada que é o ensino remoto. Por isso não sou e nunca serei contra eles. Bons professores nunca se deixam escravizar por seus manuais, e sim tiram o melhor proveito possível deles.


Tenho aqui em casa um livro didático que usei na minha sétima série (hoje 8º ano) na disciplina de Educação para o lar. A publicação data de de mil novecentos e bolinha, mas vivo consultando. Ele tem orientações de organização financeira, ervas medicinais, vitaminas dos alimentos, receitas e até dicas de decoração e de como preparar um jantar para receber amigos em casa.  Para muitos pode parecer machista e ultrapassado, mas toda obra tem seu contexto e para mim ele continua muito útil. Lixo para uns, ouro para outros.


Esses  dias vi a escritora Nice Neves em uma live dizendo como foram valiosos os textos dos livros didáticos em sua formação, visto que foi uma criança que não tinha livros em casa.  Lembrei do meu livro de Português (na época chamávamos Comunicação e Expressão), quantos textos belíssimos! Um deles era "Eu sei, mas não devia", da autora Marina Colasanti.  Não esqueci jamais. Lembro das ilustrações adornando as histórias, do tipo de letra...


Em tempos onde o digital ganha espaço e apreço, o cheiro do livro de borda amarelada e orelha puída pode não ser nada atrativo, mas para mim eles ainda pulsam e permanecem vivos até que os cupins venham digerir as suas entranhas...


Conhecimento muda sim, evolui, não há como negar, mas um livro nunca fica ultrapassado, vira memória da humanidade. Será objeto de pesquisa no futuro.  Mas enquanto o futuro não vem reservei  o dia de hoje para um #tbt dos livros didáticos que marcaram a minha vida. E você, também tem um?


Laís, filha de Fabiana Esteves.




 

Autoria

Fabiana Esteves é Pedagoga formada pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNiRIO) e Especialista em Administração Escolar. Trabalhou como professora alfabetizadora na Prefeitura do Rio de Janeiro e no Estado do Rio com Educação de Jovens e Adultos. Trabalhou como assessora pedagógica e formadora nos cursos FAP (Formação em alfabetização Plena) e ALFALETRAR, ambos promovidos pela Secretaria de Educação do mesmo município. Também foi Orientadora de Estudos do Pacto pela Alfabetização na Idade Certa, programa de formação em parceria do município com o MEC. Em 2015 coordenou a Divisão de Leitura da SME de Duque de Caxias (RJ). Atualmente, é Orientadora Pedagógica da Prefeitura de Duque de Caxias, onde tem se dedicado à formação docente. Escritora e poeta, participou de concursos de poesia promovidos pelo SESC (1º lugar em 1995 e 3º lugar em 1999) e teve seus textos publicados em diversas antologias pela Editora Litteris. Escreve para os blogs “Mami em dose dupla” e “Proseteando”. Publicou os livros “In-verso”, "Pó de Saudade", "Maiúscula" e "A Encantadora de Barcos". É mãe das gêmeas Laís e Ísis.



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