Por Gilson Salomão Pessôa
O conceito envolvendo histórias de super heróis geralmente envolve seres dispostos a se colocar em risco para ajudar em função de uma causa maior, dando um sentido nobre às suas existências. Exemplos a serem seguidos quando falamos de altruísmo e empatia com aqueles que estão em risco ou precisam de ajuda. Mas e quando os heróis são tão problemáticos que não conseguem ajudar nem a si mesmos?
A Patrulha do Destino, série de televisão baseada na equipe homônima de heróis da DC, surgiu nos quadrinhos como uma paródia trazendo personagens emocionalmente quebrados cuidando de ameaças inusitadas, coexistindo no mesmo universo da Liga da Justiça, cuja maioria de seus membros são quase semideuses.
O grupo disfuncional conta com Cliff, que é basicamente o cérebro de um piloto de NASCAR dentro de um corpo robótico, Rita Farr, uma estrela de cinema vaidosa dos anos 50 que entrou em contato com uma substância e graças a ela seu corpo tem a tendência a se transformar numa gosma toda vez que a moça perde a compostura.
Outros membros são Larry Traynor, um piloto de avião que tinha uma vida dupla (sendo pai de família e homossexual) e teve o seu corpo todo queimado em um acidente e por consequência basicamente se mantém vivo graças a uma entidade de luz que habita o seu corpo, além de Jane, que é uma de 64 personalidades, cada uma com seus superpoderes específicos convivendo no corpo de uma mesma mulher. Fechando o grupo temos a participação de Ciborgue, que é um membro da Liga da Justiça mas tem tantos demônios internos quanto o quarteto citado.
A história tem início quando o Niles Caulder, o mentor da equipe carinhosamente apelidado de Chefe que atuava como terapeuta deles é sequestrado pelo Senhor Ninguém, seu arqui-inimigo que era apenas um dos vários seguidores de Hitler antes de ganhar os seus poderes de manipulação da realidade. A narrativa em off é feita pelo vilão, que frequentemente quebra a quarta parede, ciente de que está em um seriado de televisão. Em certo ponto ele chega inclusive a reclamar que não apareceu em dois episódios.
O grande mérito vai para o estudo do perfil dos protagonistas, pessoas perseguidas e assombradas por seus demônios interiores que precisam se resolver como indivíduos e como equipe antes de tomar qualquer atitude de resgate do seu orientador. Heróis que precisam acima de tudo fazer as pazes com o seu passado para perceber que são as cicatrizes que nos fortalecem.
Autoria
Gilson Salomão Pessôa é jornalista formado em Comunicação Social pela Universidade Federal de Juiz de Fora, com Pós Graduação em Globalização, Mídia e Cidadania pela mesma faculdade. Publicou os livros "Histórias de Titãs Quebradiços" e "Um Suspiro Resgatado".
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