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A Bíblia em casa: imaginário construído a partir da fé

Por Fabiana Esteves



Certa vez, conversando com uma amiga, leitora voraz, ela me contou que na infância, em sua  casa não havia livros. Eu me espantei, pois ela é uma apaixonada por leitura, devora um romance atrás do outro, além de ser assinante de um clube literário. Ela confirmou: nenhum, só a Bíblia. Depois desta afirmação eu discordei: "Como assim? A Bíblia não é apenas um livro, são vários! Abriga um grande oceano de possibilidades: poesia, história, geografia... E  as mais belas narrativas que povoam o imaginário da humanidade!" Ela precisou ceder. Verdade. No entanto, a presença da Bíblia dentro de casa lhe era tão natural que ela não  identificava o seu poder.


Acredito que aconteça o mesmo com a maioria das pessoas. As crianças, desde pequenas, independente da religião que os pais professem, são apresentadas às histórias como A arca de Noé, Jonas e a baleia... Em filmes, romances e músicas as referências sempre aparecem. 


Uma outra amiga, mulher de muita fé, começou a fazer vídeos para as crianças com desafios bíblicos. Achei lindo, ela é uma exímia contadora de histórias! Mas queria deixar os vídeos restritos aos membros de sua igreja. "As pessoas zombam das coisas de Deus", ela disse.  Eu discordei  (mais uma vez). O imaginário brasileiro é orientado pela fé, independente da religião. E assim que foi postado o primeiro vídeo foi logo compartilhado pelas pessoas e deu origem a um canal no YouTube! 


Aqui em casa sempre li para minhas filhas histórias de todos os tipos, de todas as origens... Mas lia também as da Bíblia. Inicialmente em separado, nos livros infantis. Um deles era a paixão da Ísis, a história de José, ela me obrigou a ler tantas vezes que eu chegava ficar rouca…


Depois compramos uma Bíblia para as crianças, de texto bem detalhado, mas de vocabulário simplificado. Hoje leio a  minha mesmo, mas vejo que elas precisam sempre de explicação (e muitas vezes eu também). Os termos são rebuscados, e carecem de um contexto. Tento, mas nem sempre consigo explicar do melhor jeito. 


De qualquer modo,  acredito que é uma semente que talvez as faça crescer na fé (ou não) e no exercício da linguagem. Laís ouve, mas duvida de tudo, não encontrou ainda lugar para a fé na sua razão. Ísis se encanta. Como mãe, não imponho a minha crença. Não acredito que seja este o caminho. Mas no palco do meu lar não represento, eu vivo.



Ísis e Laís, filhas de Fabiana Esteves





 

Autoria


Fabiana Esteves é Pedagoga formada pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNiRIO) e Especialista em Administração Escolar. Trabalhou como professora alfabetizadora na Prefeitura do Rio de Janeiro e no Estado do Rio com Educação de Jovens e Adultos. Trabalhou como assessora pedagógica e formadora nos cursos FAP (Formação em alfabetização Plena) e ALFALETRAR, ambos promovidos pela Secretaria de Educação do mesmo município. Também foi Orientadora de Estudos do Pacto pela Alfabetização na Idade Certa, programa de formação em parceria do município com o MEC. Em 2015 coordenou a Divisão de Leitura da SME de Duque de Caxias (RJ). Atualmente, é Orientadora Pedagógica da Prefeitura de Duque de Caxias, onde tem se dedicado à formação docente. Escritora e poeta, participou de concursos de poesia promovidos pelo SESC (1º lugar em 1995 e 3º lugar em 1999) e teve seus textos publicados em diversas antologias pela Editora Litteris. Escreve para os blogs “Mami em dose dupla” e “Proseteando”. Publicou os livros “In-verso”, "Pó de Saudade", "Maiúscula" e "A Encantadora de Barcos". É mãe das gêmeas Laís e Ísis.


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